11 de março de 2011

Edição IV - "Preconceito"

**E você? É preconceituoso(a)?**
Por Natalia Moreno Bacaro


Qual a sua opinião sobre o preconceito? Você se considera preconceituoso (a)? Talvez antes de responder a tais questionamentos, precisaremos pensar em algumas situações.

Ao adentrar em uma clínica de nutrição, você se depara com uma nutricionista obesa, que após a consulta, te receita exercícios físicos e dieta. Como o seu pensamento se comporta nessa situação? Em seguida, você tem uma consulta com o dermatologista, e este por sua vez, está com o rosto cheio de espinhas e receita um remédio, que segundo ele é perfeito para o tratamento de acne. O que você pensa e/ou faz?

Depois, você está com fome e decide comer no Mc Donald´s. Entra, faz seu pedido e quando você senta, na mesa ao seu lado está uma família de pessoas obesas. E cada um dos membros está comendo 3 lanches. O que você pensa e/ou comenta com seus amigos depois? Mas e se fosse uma pessoa magra comendo os mesmos 3 lanches? Talvez até tivesse passado despercebido, não é? E quando você vê um carro de luxo e dentro está uma pessoa de cor negra dirigindo? Já ouvi muito o seguinte comentário: “Só pode ser jogador de futebol, certeza!”. E a menina e/ou menino que aparece na praia com um corpo perfeito? É tão comum dizer: “Certeza que não faz mais nada da vida, a não ser malhar. Mas também, não deve ter nada na cabeça. Se eu tivesse tempo e dinheiro, também seria assim.”.

Porque será que ninguém fala: “Olha que bonito, gostaria de ser tão dedicado quanto ele. Tenho tanta preguiça de malhar!”. Sempre arranjamos tempo para aquilo que de fato é importante para gente mas para que acordar 5h da manhã, e tentar malhar antes de ir trabalhar parece tão desanimador...

Esta disciplina não temos, mas o hábito de julgar os outros que tem é tão automático que não nos percebemos. E nem parece ser uma forma de preconceito; mas é. Por que temos que pensar sempre pelo lado negativo, fazendo julgamentos? Por que será que não criamos o hábito de ver o lado bom das coisas? Que a pessoa que malha é regrada. Que a nutricionista pode ter tido alguma situação difícil em sua vida, e devido à tendência em engordar, acabou emocionalmente abalada e teve algum problema de tireóide, afinal assim como você ela pode estar tentando voltar ao peso ideal. Que o dermatologista teve uma disfunção hormonal e o rosto naquela semana encheu de espinhas, mas que com o tratamento vai conseguir chegar ao rosto ideal. Que a família de gordinhos tem tanto direito de comer quantos lanches queiram, assim como você. Pois os obesos também tem direito de sentir fome, de gostar de deitar depois do almoço.

Engraçado que se um obeso dorme depois do almoço é porque ele é preguiçoso, mas se um magro dorme, é porque está cansado. Que preconceito é esse né? Qual o nome disso? Pensemos na pessoa negra, que se esforça e trabalha o tanto quanto com você para conseguir um lugar ao sol. Talvez até um tanto mais, pois precisa ter muita inteligência emocional para lidar com os preconceitos subliminares que ocorrem em diversas situações. O ato hoje é subjetivo, mas tão cruel quanto aqueles que marcaram a história dos negros durante a escravidão.

Para que pensar assim, né? Dá trabalho! Requer esforço mudar uma mente habituada a julgar. Não é porque somos criaturas ruins. É porque nos acostumamos a agir e/ou pensar assim. E toda mudança de hábito requer além de esforço, perseverança e, acima de tudo, decisão de mudar. É a mesma regra válida para qualquer outro tipo de vício, mas esse aqui é o vício do preconceito.

Segundo o dicionário Wikipédia, preconceito é um juízo preconcebido, manifestado geralmente na forma de uma atitude discriminatória que se baseia nos conhecimentos surgidos em determinado momento como se revelassem verdades sobre pessoas ou lugares determinados. As formas mais conhecidas de preconceito são: racial, etnocentrismo, sexismo, machismo, femismo, preconceito lingüístico, homofobia, transfobia, xenofobia, chauvinismo, preconceito social, e agora tem um preconceito bastante comentado que é o bullying, que pode ocorrer em vários lugares, tendo ultimamente ocorrido nas escolas. As agressões acontecem sem um motivo que justifique. A vítima de bullying não precisa ter feito nada , para ser agredida, humilhada, rotulada, perdendo muitas vezes a vontade de ir a escola. Apenas por puro preconceito, o agressor transforma a vida da vítima em um sofrimento.

Seja o bullying ou qualquer outro tipo de preconceito, penso que se trata da atitude de projeção de um ser humano frustrado (quanto ao seu desejo de poder), com baixa auto estima (que o deixa confuso, sem saber lidar com o sentimento de ser poderoso) e ansioso de prazer em falar dos outros, rebaixá-los para conseguir se sentir bem, por cima. Por cima de quem e da onde? Talvez ele nunca tenha se questionado. Na verdade, trata-se de amenizar seu próprio insucesso.

Todos nós temos um pouco dessas características. Podemos já ter a consciência e educação de não chegar a atos extremos como o bullying, agredindo a vítima. Mas ainda assim, não nos livra da nossa parcela de culpa em outras formas de preconceitos. Se desejarmos modificar essa questão em nossa sociedade, convido cada um de nós a refletir em quais momentos ainda agimos e somos preconceituosos. E vamos nos comprometer a mudar nossa mente inclinada ao mal. Paremos de falar mal dos outros, a invejar a capacidade e habilidade daqueles que conseguem realizar aquilo que ainda estamos buscando. Se cada um se comprometer de verdade em modificar-se, ao invés de ficar procurando o preconceito nos outros e na sociedade, pensar em si como parte dessa sociedade que também contribui com seus preconceitos e é o único que pode vir a subtrair essa sua parcela. Assim, começa a mudança de rumo dessa realidade.
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**Dia e a Noite, como a humanidade deveria ser.**
Por Renato Gindro

Mesmo sendo "racional", o ser humano consegue ser o pior exemplo de amabilidade e respeito para com suas diferenças. "Racional" entre aspas pelo fato de que mesmo tendo atingido um expressivo grau de evolução em diversos seguimentos da vida moderna ( tecnologia, ciência, etc.), não consegue assimilar o básico do sentido da vida. Uma das "matérias" em que estamos reprovados é "Aceitando as pessoas e outros seres pela essência"

Podemos presenciar o quanto os animais, ditos irracionais, se sobressaem neste quesito. Estes muitas vezes adotam um filhote da outra espécie, o amamentam, fornecem carinho e proteção sem nada em troca, não fazem questão se o outro é preto, marrom, se possui cabelos lisos ou ondulados ou se estão em forma ou não. Não dão a mínima se a cama deles é feita de almofadas ou papelão. Exemplos famosos na telinha ilustram bem estes casos como em "Mogli, o menino lobo", inspirado nos textos de Rudyard Kipling, onde é ilustrado um menino adotado por uma alcatéia ou em "O patinho feio" do escritor dinamarquês Hans Andersen, onde um filhote de cisne é chocado no ninho de uma pata.

É sempre um prazer observar o cão de um mendigo ou andarilho, que mesmo não tendo nada a oferecer em troca ao amigo, este fica sempre ao seu lado.




Voltando para o lado humano, um belo roteiro de como deveriamos encarar o tema preconceito foi criado pela Disney em 2010 com a curta metragem " Dia e a noite", exibido antes do sucesso "Toy Story 3" nos cinemas. Segue video abaixo:



Este curta mostra como a personagem Dia age ao se deparar com as características distintas de Noite. Ambos não aceitam as qualidades e somente exaltam os defeitos um do outro. Em um determinado momento eles passam a conviver em harmonia valorizando e curtindo o que a similaridade pode proporcionar de alegria. O final é simplesmente surpreendente. Simboliza que todos somos iguais e que o desfecho para nossas vidas será o mesmo.

Preconceito

Preconceito, é um conceito retardado
É um sentimento sem a mínima noção da lógica
Pretos, brancos, pardos, azuis e amarelos
Na realidade são vermelhos
Todo mundo é vermelho por dentro
Todo mundo é igual
   














Todo mundo é bicho gente
Mais nós, seres humanos, somos os únicos da espécie animal a fazer diferença entre cores e raças
Por que somos os únicos animais com estupidez suficiente para pensar de forma deselegante
Preconceito é pequenez de alma
Judeus, Árabes, Afros
São tão iguais quanto católicos, Americanos, e Alemães
Mas nossa estupidez não deixa esse pensamento ser algo prático
Preconceito não é crime
É tolice
Deveras, não se deve punir um preconceituoso
Deve-se ter misericórdia
Preconceito é flor murcha
É espinho solitário
É caminho ao abismo da eterna solidão
Preconceito é falta de luz
Por que negros, brancos, amarelos e azuis
São todos um único corpo
Que dá forma ao universo das múltiplas formas da criação de Deus.

Radyr Gonçalves

"O essencial não vê cores, não vê tamanho ou documentos. O Essencial é e sempre será invisível"
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**Preconceito - isto já deveria ter caído em desuso**
Por Renata Frizzarini


Hoje vivemos em uma nova era, onde alguns tentam nos fazer acreditar que em nosso país reina a inexistência do preconceito, e buscam remediar, através de medidas paliativas, o sofrimento daqueles que um dia foram vítimas do preconceito.

Um exemplo esta no sistema de ensino, onde para ingressar em uma universidade existem cotas para negros e índios, com a pseudo justificativa de que eles foram por muitos anos excluídos e tiveram dificuldades de acesso ao ensino.

Acontece que poucos lembram que o sistema de ensino pregado há alguns anos já não é excludente com as etnias. Os que não tiveram acesso ao ensino no passado deveriam sim ser assistidos de alguma maneira, por exemplo, com ensino para adultos, pois infelizmente, não são estas pessoas que concorrem às vagas nas universidades e a pior conseqüência oriunda desta medida é uma queda no nível de ensino, pois na maior parte dos casos estes beneficiários de cotas não atingem a nota de corte estipulada para os outros pobres mortais.

Outro exemplo da farsa inexistente de que o Brasil não é preconceituoso está na lei 8.213 de 1991 que institui cotas a serem preenchidas nas empresas por pessoas portadoras de deficiência. Vangloriamo-nos tanto em ser um país sem preconceitos de modo que se isto fosse verdade, tal lei não precisaria existir, afinal, profissional capacitado deve ser empregado de acordo com a disponibilidade de vagas, mas talvez o nosso não-preconceito seja apenas para inglês ver, como já diz o jargão.

Atualmente a justiça brasileira está processando uma estudante de advocacia por expressar-se de maneira preconceituosa contra nordestinos em sua página pessoal de rede social. E que tal nos lembrarmos dos casos de ataques a pessoas injustificadamente apenas por serem diferentes dos padrões convencionais como o índio que foi incendiado vivo enquanto dormia em um ponto de ônibus; ou dos vários episódios de casais homossexuais que apanharam, ou até foram mortos, pelo simples fato de estarem se beijando, ou passeando com a pessoa amada. O mais triste é saber que inúmeros destes casos muitas vezes nem tomamos conhecimento e ficarão impunes para toda a eternidade. 

Hoje temos que engolir medidas desiguais que indiretamente apenas estimulam mais e mais o preconceito entre as pessoas seja por sua cor, por uma deficiencia, por uma mudança em sua opção sexual, por seu local de nascimento, enfim, é triste saber que um país que prega a diversidade como o Brasil ainda pode ser tão infantil em certos aspectos e não encare o problema de fato, assumindo os erros passados e providenciando mudanças  efetivas para o presente e futuro afinal só assim será possível ver este mal ser arrancado de nossas vidas pela raiz.

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